Câmara de SP aprova lei de evangélico que cria Dia do Orgulho Hetero

carlos-apolinario A Câmara de São Paulo aprovou ontem (2)  projeto do vereador Carlos Apolinario (DEM), na foto,  que cria o Dia do Orgulho Heterossexual, no terceiro domingo de dezembro.

Para entrar no calendário oficial, o projeto tem de ser sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD). A cidade não tem Dia do Orgulho Gay.
Segundo Apolinario, que é evangélico, a data visa "conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes".
A votação foi simbólica, ou seja, quem fosse contrário teria que se manifestar. Dos 50 vereadores que registraram presença, 19 ficaram contra.

Ítalo Cardoso (PT) exibiu reportagem sobre a agressão a pai e filho que, abraçados, foram confundidos com gays em São João da Boa Vista. "Amar os iguais é fácil. Difícil é amar os diferentes", disse.
"Esse projeto não tem nenhum objetivo contra gays. Meu cabeleireiro é gay e eu tenho enorme respeito por ele", disse Apolinario. Segundo ele, quem agride gays "tem de ir para a cadeia".
"Minha questão sempre foi em relação aos excessos e privilégios", afirmou, citando o fato de a Parada Gay ser na Paulista e a Marcha para Jesus, na zona norte.
Eduardo Mendes, do Testosterona, o "blog do machão moderno", acha o projeto "oportunista e preconceituoso". "Enquanto minorias usam manifestações em busca de direitos, políticos pegam embalo em temas de forte apelo e inventam projetos sem nexo como este."
Julio Moreira, presidente do Grupo Arco-Íris, concorda. "É uma tentativa de frear os avanços que a comunidade GLBT vem conquistando."
Pedro Estevam Serrano, professor de direito constitucional da PUC-SP, diz que, embora legal, o projeto tem de ser vetado porque contém uma "atitude beligerante".
Para ele, "a maioria precisa de humildade e de tolerância, não de orgulho". "Orgulho é um sentimento positivo quando se trata da resistência da minoria. Orgulho do forte é massacre do fraco."
Kassab disse ontem que iria aguardar um parecer jurídico antes de se decidir. Ele tem prazo de 15 dias para vetar ou sancionar a proposta. Se nada fizer, o projeto volta à Câmara e vira lei.
Apolinario apresentou a proposta em 2005 e só conseguiu aprová-la, em primeira votação, em 2007. Colocou de novo o projeto em discussão em junho deste ano e desde então tem emperrado a análise de outros projetos. Venceu pelo cansaço.

Fonte: Folha

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