Cirurgia plástica encontra adeptos nos bancos da Igreja

No Brasil, entre os meses de setembro de 2008 e agosto de 2009, foram realizadas 629 mil cirurgias plásticas, segundo dados da pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Datafolha, encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A preocupação em alcançar um padrão de beleza e sentir-se satisfeita com a aparência encontra também lugares nas mentes de homens e mulheres que professam a fé cristã. Entretanto, a plástica, além de ser realizada por motivos estéticos, é usada para reparação como, por exemplo, do lábio leporino (abertura no lábio do recém-nascido resultante de uma má formação na fase embrionária que não fecha a estrutura); para amenizar uma cicatriz; ou até mesmo para reconstruir órgãos, como nariz e orelha.

Motivações
O que motivou Silvia Ribeiro, 43, a fazer sua mamoplastia redutora, ou diminuição das mamas, foi o fato de ter dificuldades em encontrar roupas que se adequassem a suas medidas e a constância de dores nas costas. “Chegou uma época que não conseguia mais comprar blusinhas, tinham que ser blusas maiores. Quando tive o Fabiano (filho), a gordura no seio aumentou”, contou ela.
Já Poliane Vilas-Boas,23, optou pela Mamoplastia de aumento (colocação de próteses de silicone nos seios): “O que me motivou foi o desejo de me sentir mais satisfeita na hora de me vestir, mais ‘segura’ comigo mesma e no meu futuro casamento”.
Oração
Tanto Poliane quanto Silvia são evangélicas e testemunham que oraram pedindo a direção de Deus antes de decidirem pela cirurgia .
“Orei por mais de um ano. Pedia ao Senhor para me dar sabedoria, mas me orientar se era o correto. Não queria fazer algo sem pensar. Sabia dos riscos como toda cirurgia tem. E até no dia da cirurgia ainda pedi a Ele que se não fosse para ser que me tirasse do centro de cirurgia. Mas, desde que coloquei em oração, tudo foi encaminhando”, afirmou Silvia, que realizou a mamoplastia redutora.
Críticas
Apesar de ser um procedimento comum atualmente, a plástica ainda pode ser considerada como vaidade excessiva e a decisão de se submeter a ela pode dar lugar a críticas de irmãos na fé. Porém, nenhuma das entrevistadas foi alvo direto de comentários.
“Nunca me falaram nada pessoalmente, mas eu sei que muitas pessoas tem preconceito a respeito desse assunto”, disse Poliane.
“Cirurgião plástico não é Deus”
O cirurgião plástico Gabino Albuquerque, que é dono de uma clínica em Fortaleza(CE), aponta que é comum as pessoas que optaram por fazerem plásticas serem criticadas:” Esse conflito ocorre com muita frequência, e observo que quase sempre a pessoa sai vitoriosa e acaba fazendo o desejado. O respeito a realização pessoal tem marcado sobremaneira as relações interpessoais nesse mundo pós-moderno”.
Além de trabalhar em nome da estética, Albuquerque, que também é membro de igreja protestante, enxerga sua profissão como forma de evangelismo.
“Procuro colocar sempre para o paciente que por mais seguro que seja o método a ser empregado, existe um Deus que tem me guardado e deseja guardá-lo também. Não gosto de passar a idéia de que por ser um servo de Deus terei a garantia absoluta de que tudo dará certo. Digo aos pacientes que me cerco de todas as providências humanas (técnicas), mas digo também que acima de tudo, tenho um Deus que vela por mim”, afirmou o médico.
Dr. Albuquerque afirma também que 3% de seus pacientes são estético compulsivos e que cabe ao médico delimitar limites nos procedimentos cirúrgicos: “Cirurgião plástico não é Deus e o corpo humano não é uma tela moldável ao bel prazer do artista”, afirmou ele.
Conselhos
As entrevistadas não pediram a opinião de seus pastores antes de realizar a cirurgia. Para Dr. Albuquerque, este apoio é importante, mas o médico entende que o fator principal é ter a confirmação de Deus e dos familiares: “Sei que precisamos ter um coração pastoreável. Pedir que seu pastor ore com e por você em cada passo importante da sua vida é algo salutar, mas acredito que o aval imprescindível seja da família e de Deus”.
Para Hercília Borges,41, evangélica que já se submeteu a uma lipoaspiração, é importante a pesquisa sobre a cirurgia. Ela dá conselhos a outras mulheres que tem vontade de fazer uma cirurgia plástica: “As pessoas costumam opinar e também criticar, mas o mais importante é a decisão pessoal. Não critico quem faz essa decisão, o único cuidado é não fazer da cirurgia um hábito”, disse ela.
Poliane, que realizou o implante de prótese de silicone nos seios, aponta que a cirurgia plástica não pode ser vista como forma de obter mudança de vida e chama atenção para as verdadeiras motivações de quem se submete a elas: “Posso dizer que é muito bom se sentir bem com seu corpo, mas a cirurgia não muda sua vida. Uma coisa muito importante é conhecer suas motivações quanto a essa mudança. Se não tiver princípios e objetivos firmados isso poderá tornar-se um vicio. Peça a Deus que dê paz ao seu coração e procure um bom profissional”.

Fonte:Guia-me

Um comentário em “Cirurgia plástica encontra adeptos nos bancos da Igreja”

  1. Me ajudou muito ler esta reportagem, sou evangélica e estou prestes a realizar um implante de silicone nas mamas, estou a anos com este desejo em meu coração e tão somente agora tomei esta decisão. Estava em dúvida quanto a Deus. Mas hj me encontro em paz. Deus abençoe a todos

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