The New York Times: Evangélicos investem na teologia da riqueza nos EUA

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Commensagens tranquilizadora para muita gente nos tempos de crise eafirmando que a recessão não deve servir de pretexto para restringir odízimo, os pregadores do “evangelho da prosperidade” atraem umaaudiência considerável e adoradora nos Estados Unidos.
No palco, diante de milhares de fiéis assolados por dívidas edificuldades econômicas, Kenneth e Gloria Copeland, junto a outrospregadores do “evangelho da prosperidade”, deleitavam a multidão comhistórias das vidas luxuosas que alcançaram seguindo a palavra de Deus.
Jatinhos e lanchas. Uma moto enviada por um apoiador anônimo. Fériasno Havaí e cruzeiros no Alasca. Bolsas de grife. Um anel de esmeraldase diamantes. “Deus sabe onde o dinheiro está e Ele sabe como levar odinheiro até você”, pregava Gloria, vestida como alta executiva.
Os pregadores do “evangelho da prosperidade” atraem uma audiênciaconsiderável e adoradora. Sua mensagem —se você tiver fé suficiente emDeus e na Bíblia e doar com generosidade, Deus irá multiplicar suasoferendas por cem— é tranquilizadora para muita gente nestes tempos decrise.
Os pregadores mal admitiram que há uma recessão, embora dissessemque isso não serve de pretexto para restringir o dízimo. “O medo lhesdeixará sovinas”, disse Copeland.
Mas as sacolinhas voltaram mais vazias do que em anos prévios, segundo antigos frequentadores.
A multidão de mais de 9.000 pessoas era multirracial, vinda de 48Estados dos EUA e 27 países. O ministério do casal Copeland, cuja rendaanual é de cerca de US$ 100 milhões, é transmitido para 134 países.
Muitos neste rebanho não confiam nos bancos, na imprensa ou emWashington, onde o Comitê de Finanças do Senado norte-americano estáinvestigando se os Copelands e outros evangelistas da prosperidadeusaram doações para enriquecer e abusaram da sua isenção fiscal. Masconfiam no casal Copeland, que parece encarnar a prosperidade com suariqueza robusta e abundância e filhos e netos que os seguiram no seuministério.
“Se Deus fez isso por eles, também fará por nós”, disse EdwigeNdoudi, que viajou neste mês com o marido e seus três filhos do Canadápara a Convenção de Crentes do Sudoeste dos EUA, onde os Copelands eoutros se revezaram pregando por cinco dias, dez horas por dia, noCentro de Convenções de Fort Worth, no Texas.
“O pessoal que está vindo não é pobre”, disse Jonathan Walton,professor de religião da Universidade da Califórnia em Riverside, quejá escreveu sobre o movimento e foi lá fazer pesquisas. “Eles residemnaquela nebulosa categoria entre a classe operária e a classe média.”
Stephen Biellier, caminhoneiro de Mount Vernon, no Estado doMissouri, disse que ele e sua mulher, Millie, foram à convenção rezandopara que este seja “o ano da superação”. Eles têm dívidas que alcançamos US$ 102 mil, segundo Millie.
Marido e mulher afirmam que os Copelands os resgataram da falênciahá 23 anos, quando compraram seu primeiro caminhão com juros anuais de22% e tiveram de reconstruir o motor duas vezes em um ano.
Naquela época, Millie viu o pastor Copeland na televisão e começou alhe enviar 50 centavos de dólar por semana. “Teríamos falido seCopeland não estivesse rezando por nós todos os dias”, afirmou.
Os Bielliers estão entre as 386 mil pessoas de todo o mundo a quemos Copelands chamam de “parceiros”. A maioria manda contribuições emerece preces especiais dos Copelands.
Mas o professor Walton qualificou os pregadores da prosperidade como“batedores de carteira espirituais”. “Minimizar e ignorar as durasrealidades desta crise econômica está além de irresponsável, a ponto deser repreensível”, disse.
O casal Copeland não quis dar entrevistas, mas uma de suas filhas,Kellie Copeland Swisher, e seu marido, Steve Swisher, falaram em seunome. Kellie disse que o ministério doa “um mínimo de 10% do que entra”para outras obras beneficentes.
A comissão do Senado americano, em sua investigação tributária,solicitou documentos do ministério religioso. O ministério resistiu ementregá-los, disse Kellie, porque os Copelands não querem revelarpublicamente os nomes dos “parceiros”.
Ela afirmou que, mesmo em meio à crise econômica, a renda doministério durante os preparativos para a convenção subiu 3% em relaçãoao ano passado. Questionada sobre se os Copelands haviam ajustado amensagem de acordo com o cenário econômico sombrio, Kellie respondeu:“A mensagem que eles pregam é a palavra de Deus. A palavra não muda”.
Na convenção, os pregadores salpicavam seus sermões com farpas aogoverno dos Estados Unidos, à imprensa e a outras Igrejas, muitas dasquais condenam a pregação da prosperidade. A maioria dos pregadores seempenhava em lembrar aos fiéis de que eles são escolhidos de Deus.“Enquanto todo o resto está passando fome”, disse o tele-evangelistatexano Jerry Savelle, “Seu povo da aliança terá o melhor dos tempos”.
“A qualquer momento que um pensamento preocupado a respeito dodinheiro pipocar em sua mente”, prosseguiu Savelle, “a próxima coisa afazer é semear”: despejar dinheiro, como sementes, no “solo bom”, comoos ministérios dos pregadores. “Esse é o pacote de estímulo divino paravocês”, disse.
Ouvindo isso, centenas de pessoas tomaram os corredores em direçãoao palco, deixando envelopes, notas e moedas nos degraus acarpetados.
Fonte: The New York Times
Via: www.adonainews.com.br

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